domingo, 29 de setembro de 2013








"É aí, no mais íntimo, que nos apagamos, mas é também aí que o silêncio se incendeia, iluminando a realidade e unindo-nos a ela. É o nascimento de nós mesmos e o nascimento do mundo. Na suprema suavidade desta fusão, somos livres e unos, idênticos e puros. É aí que habita o silêncio primordial e é a partir daí que principia a metamorfose essencial da linguagem e do ser. A pulsação viva da palavra é o fruto desta permeabilidade à silenciosa matriz do corpo. O vocábulo novo, retemperado pela nascente, substituirá o rigor rígido do conceito pela fluidez e fugacidade de uma respiração. Na sua intrínseca transgressão a palavra conduzir-nos-á à nudez viva do silêncio, à transparência do ilimitado.
 
Mais Silêncio Mais Sombra
António Ramos Rosa


In JL — Jornal de Letras, Artes e Ideias, Lisboa, 14 Ago. 1990; reprod. in Prosas seguidas de Diálogos, Faro, 2011.
 
 
Foto net

sábado, 28 de setembro de 2013







acorda-me quando chegares. se for tarde de mais deixa-me um pássaro desenhado na parede e uma silaba aguda que me sirva de nome.



Arte de Tamara de Lempicka




segunda-feira, 23 de setembro de 2013






Sobrevivo no vegetal fogo que não arde  porque ainda acredito na voz do mar no coração dos búzios.

Foto da net



segunda-feira, 3 de junho de 2013

quinta-feira, 16 de maio de 2013






penso no peso do linho. estou descalça. solto os cabelos e recolho todo o sol que cabe na pele. inspiro até à dor. expiro. o extase do vazio é um delírio a que me dou por completo no espelho de água reflectindo em círculos a pedrada do corpo. de olhos abertos sigo a luz que se afasta enquanto pressinto a escuridão e volto a pensar no peso do linho. molhado. colado às pernas desce-me até à respiração liquida do esquecimento. tear naufragado a tecer cantos de sereia.

foto da net

segunda-feira, 6 de maio de 2013

sábado, 4 de maio de 2013







Federica Erra



"Não há beleza perfeita que não contenha algo de estranho nas suas proporções."


Francis Bacon


quinta-feira, 2 de maio de 2013







deixa que por ti respire 

que murmure as notas e pausas da melodia dos teus lábios

que dê nome às cores encerradas nos teus olhos 

que desdobre o corpo no arqueado do teu andar. 

deixa que eu seja o oposto do teu repouso e 

tu a imagem do meu sossego de espelho sem reflexo.


Arte de Felix Mas

domingo, 23 de dezembro de 2012






Só há um tempo em que é fundamental despertar. Esse tempo é agora.

Buda

Foto Net

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

quinta-feira, 1 de novembro de 2012














Faiza Maghni


"Uma única coisa é necessária: a solidão. A grande solidão interior. Ir dentro de si e não encontrar ninguém durante horas, é a isso que é preciso chegar. Estar só, como a criança está só."

Rainer Maria Rilke



quarta-feira, 17 de outubro de 2012








Música no Coração”


Gustavo Fernandes na Galeria de Arte do Casino Estoril

Gustavo Fernandes apresenta uma nova colecção de obras em pintura a óleo e uma nova colecção de aguarelas na Galeria de Arte do Casino Estoril.
Dia 1 de Novembro, 5ªfeira, às 18.00.
Inspirado na música, o pintor dá vida a instrumentos musicais num encontro perfeito entre o som e a cor.
Uma viagem que transcende linguagens num estímulo à imaginação e num apelo aos sentidos.
Para fruir ao nivel da pintura pura e da sensibilidade.

“Música no Coração” inaugura dia 1 de Novembro às 18h00 e vai estar em exposição na Galeria de Arte do Casino Estoril, até ao dia 21 de Novembro.




Gustavo Fernandes


segunda-feira, 15 de outubro de 2012









Há um prenúncio de esperança no voo das aves quando

na ceara do nosso outono ainda se tocam asas. 





Fotomontagem: óleo sobre tela e foto da net

sexta-feira, 12 de outubro de 2012







O azul que me veste as mãos por dentro 
é ainda o profundo azul da noite 
em que bebi no sal da tua pele
o branco aceso do meu corpo 
e o silêncio da aragem miuda
que antes da chegada do vento
te havia de romper os olhos
em lágrimas de espanto e sede
pela sombra dos meus dedos.



Foto da Net

terça-feira, 9 de outubro de 2012








Esboço-me à janela e espero que a vida volte a passar





 do traço dos meus passos nem o rasto me ficou


sexta-feira, 28 de setembro de 2012





noite 
resguarda esta loucura 
coral na minha boca insana
olhos de jade cegos luz
colo impudico a latejar rubi
e no leito onde se deita a pele nua
tatuada pela saliva dos enganos
xaile e mortalha seja a tua sombra

Foto O.F.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012


Linho e Lavanda





Sabes, hoje quis escrever-te uma carta de amor, em que as 

palavras se vestissem da cor de todas as palavras de amor, 

que soassem como todas as palavras de amor, que fossem 

apenas banais como todas as palavras de amor podem ser.

Escolhi cuidadosamente o papel, aquele de que tanto 

gostas, ligeiramente texturado e de aspecto envelhecido.

Procurei a caneta, a roxa, gosto de escrever a 

roxo,dramático e sentimental, dizes.

Imagino que sorris, sorris sempre da importância que dou 

aos pormenores.

Sentei-me junto à janela,  o jardim tão verde e húmido, o 

ar tão lavado e fresco, que as palavras haveriam de brotar, 

banais, como uma flor na brisa da manhã.

Acendi um cigarro, sim, sei que detestas, abri a caneta,

 pousei a cabeça na mão e escrevi o teu nome.

Olhei demoradamente o papel , como um ramo de lavanda 

sobre um lençol de linho, tão banal e belo e fresco como as

 palavras de amor que quis escrever-te, hoje.

Um pássaro assobiou lá fora, o cigarro consumia-se entre os 

dedos, fechei a caneta e abri a janela.

Precisava respirar.

Uma única frase queria seguir o teu nome:

" O gesto largo e obsceno com que abres a minha vida à tua, 

sufoca-me"

Sabes, hoje quis escrever-te uma carta de amor e descobri 

que já não sei palavras de amor, banais.


06/03/2011