segunda-feira, 25 de abril de 2011




Sossegadamente segura e neutra
cinza de penumbra a lembrar a luz
assim os dias em que a alma se quer nua
e o coração já não aspira nem demite
nenhum sonho ou desejo
em livro de horas desusado
é a memória que se segue linha a linha
na ponta do dedo que a cegueira ordena
e a vontade sem vontade aceita
clara e lúcida assunção da vida
a olhar a cor por fora do vazio
mão que cerrada a cortina
repousa ainda tensa e pronta
sobre as páginas em branco do resgate.

Foto de Vernon Trent