segunda-feira, 27 de setembro de 2010

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Disseram que este peso que carrego era a salvação de um ventre cheio, desejado e redentor.
Cercaram-me de fitas e laços, alimentaram-me a leite e mel, quiseram-me conformada e medida.
Por este nome me truncaram, Por este ser me limitaram. Por este estar me confundiram.
Agora olham-me e não me vêm, na estranheza de não encontrarem o que destinaram ao nome que me deram.
Sou eu, sim.
A que estava sem estar. A que voltava sem ter partido. A que sonhava imperturbável num sorriso de pedra.
Sou eu.
Não molhei as mãos no mar, não colhi rosas em jardins distantes, não fui ave em céu de prata.
Mas foram minhas todas as fontes que encontrei.
Tenho no colo as pétalas de mil flores que desfolhei.
E das penas fiz asas de pomba...e não voei.
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Foto Ana Oliveira