O meu!Que me levava com ele para a cervejaria. (E pedia para mim um copo com um dedo de cerveja para eu me sentir crescida).
Que se esquecia de me ir buscar ao colégio ao fim do dia. (E deixava as freiras sem saber o que fazer comigo).
Que fingia não me ver, devolver ao mar, os peixes que acabara de pescar. (E dizia aos amigos que os peixes tinham saltado do balde).
Que me ajudou a não temer a trovoada, ensinando-me a calcular a que distância se encontrava a tempestade. (E me piscava o olho quando a minha mãe se escondia a rezar a todos os santos).
Que me ensinou a suportar a matemática e a amar a química. (E fazia jogos com as fórmulas para que eu as não esquecesse).
Que me levou a ver todos os filmes de cowboys, da época. (E se recusava a ver outros, dizendo que para rir e chorar bastava a vida).
Que me deixou ler todos os livros que havia lá em casa, de Eça a Miller, sem censura. (E fingiu não saber que a minha mãe fizera desaparecer a belíssima edição do Kamasutra que eu tinha na mesa de cabeceira).
Que tem aceitado as minhas escolhas na vida, sem recriminações.(E, de vez em quando se esquece, e critica o mesmo em outras pessoas).
Hoje, sou eu que o ajudo a seguir pelos atalhos que a vida lhe deixou por caminho. (E fui eu que lhe rapei o cabelo na altura certa, que empurrei a cadeira de rodas quando foi necessário, que me ri com ele das verdades difíceis, que lhe ofereci a primeira bengala).
Hoje é o dia dele...mais um...Felizmente!
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