
O exercício do silencio é tão importante quanto a prática da palavra!
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Depois de quatro horas a olhar para esta frase, na porta de uma enfermaria, achei-lhe tantos sentidos quantos os sentimentos que me percorreram nesse espaço de tempo.
Sentada numa poltrona vagamente deco, com uma televisão de cores surrealistas e som fanhoso, com a voz que, imparável, me levou a beira da hipnose...tinha mesmo agradecido o exercício do silencio!
As primeiras noticias, chegádas às duas horas de espera, deram-nos conta de que tudo tinha corrido muito bem, que durante todo o processo tinha reinado a boa disposição, tinha conversado com a anestesista, com toda agente no bloco, feito humor... resumindo - uma simpatia, uma gracinha, um charme!Duas hora depois, regressando à enfermaria, o rosto de pele branca, rosado pelo calor ambiente, os olhos azul céu ainda um pouco ensonados, a mão a agitar um olá...dois laços em cada ombro a segurar a bata, as meias brancas, até meio da coxa, com liga... a imagem de uma bailarina a que só faltava o "tutu" de tule e as sapatilhas, passou-me pela cabeça!
Contei-lhe os rasgados elogios da medica sobre o decorrer da operação...sorriso e resposta pronta: "Oh filha, era para disfarçar o medo"!!!
A minha mãe olhou para ele e para mim, no seu ar de quem duvida do que ouviu e sem perceber porque me ri. Sem acreditar que o medo se pode espantar com bom humor e sem entender como é que eu sabia!
Mais meia hora de risos, que eu não me esqueci de o lembrar que em casa também se apreciaria um pouco daquele charme bem humorado, porque chegámos à conclusão que o penso parecia a tanga de um lutador de sumo, porque não podia beber mas podia chupar...um pauzinho com esponja...
À saída, depois de a minha mãe ter voltado atrás duas vezes para o beijar, lá ficou com o pauzinho na boca, como um miúdo com um chupa-chupa.
E até à próxima que desta já nos "safemos"!
Foto Google