
A água plácida, correndo entre margens de gente, enruga-se no encontro com o mar.
Encrespa-se levemente com a brisa da tarde, tem vontade de recuar, sente o sal e a corrente, teme a longura dos horizontes.
Como uma lágrima que cai e se arrepende, o rio quer voltar atrás, à inocência e à alegria de cantar, pequenino, de pedra em pedra, entre brilhos e reflexos intermitentes, de luz e sombra.
O rio cresce a sonhar com o mar e morre a cumprir o sonho.
E todos os dias, morrendo, a sua beleza é um adeus que nunca acaba.
Foto Ana Oliveira