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As vozes soam altas, os risos multiplicam-se no ar húmido e o passar dos carros canta na rua molhada pela chuva recente. Os passos têm ecos líquidos e apressados. As luzes reflectem-se mil vezes em cada gota suspensa nos ramos surpreso e lavados.
Pela janela entra o fresco da noite a amaciar o peso nos olhos e o langor cansado da hora adiantada na vigília, o fumo do cigarro foge para um céu escuro e brilhante e há uma paz inesperada no silêncio da casa dormente.
As mãos descansam finalmente no colo enquanto a cidade molhada chora goteiras de nuvens tardias e respira saudades de primavera na promessa do verão.
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Foto Ana Oliveira