:
:
:Disseram que este peso que carrego era a salvação de um ventre cheio, desejado e redentor.
Cercaram-me de fitas e laços, alimentaram-me a leite e mel, quiseram-me conformada e medida.
Por este nome me truncaram, Por este ser me limitaram. Por este estar me confundiram.
Agora olham-me e não me vêm, na estranheza de não encontrarem o que destinaram ao nome que me deram.
Sou eu, sim.
A que estava sem estar. A que voltava sem ter partido. A que sonhava imperturbável num sorriso de pedra.
Sou eu.
Não molhei as mãos no mar, não colhi rosas em jardins distantes, não fui ave em céu de prata.
Mas foram minhas todas as fontes que encontrei.
Tenho no colo as pétalas de mil flores que desfolhei.
E das penas fiz asas de pomba...e não voei.
:
Foto Ana Oliveira
10 comentários:
Já li duas vezes e adorei.
Volto mais tarde para comentar com maior profundidade.
Beijo :)
gosto de ler a tua poesia, mas acho que a tua prosa poética consegue ser melhor.
beij
Fantástico
AC
Obrigada...
:)
Um beijo
Piedade
Dificilmente acho que o que escrevo seja poesia...penso...penso muito...e depois para não me perder nas palavras escrevo o que sobra... são apenas restos de pensamentos sentidos.
Quanto à prosa é também uma depuração do tanto que escreveria a explicar o que sinto...
Um beijo
Fatima
Obrigada.
"Isto dava pano para mangas"...quase uma vida.
Beijinhos
"Quiseram-me conformada e medida", mas eu construi outros sonhos.
beijinhos
Há muitas formas de voar. E se, vítimas de um modelo, sentimos a pressão do coarctar das asas, há sempre a possibilidade de a lucidez e a determinação se manifestarem num "eu não vou por aí". E é essa força que determina o voar.
beijo :)
refrescante a imagem
intenso o texto
beijo e boa semana
Lindo poema para quem matou a sede em todas as fontes.
Mas as asas..... talverz as penas fossem muitas e impediram o vôo.
Um abraço.
Enviar um comentário