:
Curvo-me para que me oiças ou para te ouvir melhor.
Se não me curvar vou fingir que não te ouvi.
Se, de corpo direito, olhar o horizonte, sei que vou ignorar que estás aqui.
Para além de ti e das tuas palavras amargas há uma estrada sem fim que me repete os passos, os erros e os acertos.
Para além de ti o infinito é uma nuvem que me cobre do sol inclemente, me molha o corpo seco, me diz dos arcos-íris e dos colibris que me bebem o sangue e o mel entre os lábios.
Curvo-me para que a tua mão de látego aceso me cobre cada gesto que vestes de seda. Para que os teus olhos de farpas coloridas me veja a nuca submissa. Para que as tuas palavras me escorram pelo corpo e deixem em meu lugar o charco do meu riso.
E se me estendes a mão é a minha mão fria que te devolve o gesto.
Curvo-me e ainda assim não me ouves nem sabes que te ouvi.
:
:
:Foto Google
9 comentários:
Amiga Ana
Que a criatividade e a inspiração sejam as sua fiéis companhias para o Novo Ano.
bjs
Nélia
Nélia
Agradeço os votos e o mesmo lhe desejo para o Ano que começa.
Um beijo
Folhetim Cultural
Obrigada pela visita.
Visitarei o seu blog assim que puder.
E eu curvo os olhos à luz das palavras...
Um beijinho
Virginia
As palavras podem ser incandescentes e fazer-nos fugir o olhar ou cinzas frias que já não tememos...
Obrigada e um beijo
Ana,
Bela poesia! E a imagem muito bem escolhida.
Qualquer dia quiçá em livro?...
Bjs.
Margarida M.
Margarida
Obrigada.
Livro? oh Guida nem tal ideia me ocorreu, isto são pensamentos esporádicos, alinhavados, que às vezes saem agradáveis, mais nada...de qualquer forma agradeço que possas considerar possível essa hipotese.
Beijinhos
Que maneira... peculiar de começar o ano... hum...
IREMOS AGUARDAR A VISITA!
Enviar um comentário