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As vozes soam altas, os risos multiplicam-se no ar húmido e o passar dos carros canta na rua molhada pela chuva recente. Os passos têm ecos líquidos e apressados. As luzes reflectem-se mil vezes em cada gota suspensa nos ramos surpreso e lavados.
Pela janela entra o fresco da noite a amaciar o peso nos olhos e o langor cansado da hora adiantada na vigília, o fumo do cigarro foge para um céu escuro e brilhante e há uma paz inesperada no silêncio da casa dormente.
As mãos descansam finalmente no colo enquanto a cidade molhada chora goteiras de nuvens tardias e respira saudades de primavera na promessa do verão.
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Foto Ana Oliveira
4 comentários:
Sou qualquer coisa que fui. Não me encontro onde me sinto e se me procuro, não sei quem é que me procura. Sinto-me expulsa da minha alma.
Estou como o tempo da foto: a vontade de emergir um sol quando, no fundo a única coisa que cai é um choro que pode ser uma chuva miudinha!
A noite nasce como o dia: sempre em escuridão, dúvida e falta de luz!
Adorei o texto! Lindo!
Um beijinho
também gostei deste quase abandono.
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beijo
gostei desta cidade molhada que chora.
gostei da foto.
bom fim de semana!
beij
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