terça-feira, 2 de novembro de 2010

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Inegável o fascínio pela mulher oriental, o exótico vestir, a postura, as mãos...ah as mãos...
mas a mulher japonesa em especial sempre me encantou pelo requinte do traje, complicado e ao mesmo tempo simples, a textura dos tecidos, os desenhos criados com arte, usados de acordo com a época do ano ou os sentimentos de quem os usava, a simbologia dos "obi" e as sandálias que lhes davam aquele passo delicado de bambu agitado pelo vento.
Esta admiração tão antiga deve ter sido, de algum modo, percebida pelo Universo que nos ouve e nos vê antes mesmo de sermos gente e atende os nossos desejos mesmo antes de sabermos que os temos.
Imagino que na imensidão das galáxias tenha ouvido um sussurro de "Japão"... roupa... pés...andar... vindo de uma centelha de vida em órbita planetária, sistema solar, via-láctea. Imagino que no segundo seguinte se tenha decidido a satisfazer o desejo de uma alma ansiosa colocando um coração de gueixa no corpo de um lutador de "sumo"...
Diz-se que Ele é perfeito, permito-me discordar porque não era bem isso que queria!
Devido ao desagrado com que encarei a coisa o Perfeito Universo resolveu um segundo depois, mais ou menos cinquenta anos terrestres, remediar o mal-entendido sem ter de modificar a sua criação primeira, acrescentando-lhe algo a aproximasse do modelo pretendido.
Chamamos-lhe "artrose"... 
Ando agora em passos curtos e deslizantes, com o corpo direito como um junco, olhos no chão, não de modéstia mas com medo de tropeçar e um rosto inexpressivo para que não se perceba que há sonhos que se realizam dolorosamente.
Diz-se que é preciso cuidar o que se pede porque nos pode ser dado... É verdade, digo eu!
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domingo, 31 de outubro de 2010


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no charco luminoso dos dias
as pedras que mastigo lentamente
desenham circulos concêntricos
no reflexo de uma rosa que se perdeu
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as pétalas que o tempo varreu  perfumam de cor a luz
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