domingo, 23 de dezembro de 2012






Só há um tempo em que é fundamental despertar. Esse tempo é agora.

Buda

Foto Net

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

quinta-feira, 1 de novembro de 2012














Faiza Maghni


"Uma única coisa é necessária: a solidão. A grande solidão interior. Ir dentro de si e não encontrar ninguém durante horas, é a isso que é preciso chegar. Estar só, como a criança está só."

Rainer Maria Rilke



quarta-feira, 17 de outubro de 2012








Música no Coração”


Gustavo Fernandes na Galeria de Arte do Casino Estoril

Gustavo Fernandes apresenta uma nova colecção de obras em pintura a óleo e uma nova colecção de aguarelas na Galeria de Arte do Casino Estoril.
Dia 1 de Novembro, 5ªfeira, às 18.00.
Inspirado na música, o pintor dá vida a instrumentos musicais num encontro perfeito entre o som e a cor.
Uma viagem que transcende linguagens num estímulo à imaginação e num apelo aos sentidos.
Para fruir ao nivel da pintura pura e da sensibilidade.

“Música no Coração” inaugura dia 1 de Novembro às 18h00 e vai estar em exposição na Galeria de Arte do Casino Estoril, até ao dia 21 de Novembro.




Gustavo Fernandes


segunda-feira, 15 de outubro de 2012









Há um prenúncio de esperança no voo das aves quando

na ceara do nosso outono ainda se tocam asas. 





Fotomontagem: óleo sobre tela e foto da net

sexta-feira, 12 de outubro de 2012







O azul que me veste as mãos por dentro 
é ainda o profundo azul da noite 
em que bebi no sal da tua pele
o branco aceso do meu corpo 
e o silêncio da aragem miuda
que antes da chegada do vento
te havia de romper os olhos
em lágrimas de espanto e sede
pela sombra dos meus dedos.



Foto da Net

terça-feira, 9 de outubro de 2012








Esboço-me à janela e espero que a vida volte a passar





 do traço dos meus passos nem o rasto me ficou


sexta-feira, 28 de setembro de 2012





noite 
resguarda esta loucura 
coral na minha boca insana
olhos de jade cegos luz
colo impudico a latejar rubi
e no leito onde se deita a pele nua
tatuada pela saliva dos enganos
xaile e mortalha seja a tua sombra

Foto O.F.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012


Linho e Lavanda





Sabes, hoje quis escrever-te uma carta de amor, em que as 

palavras se vestissem da cor de todas as palavras de amor, 

que soassem como todas as palavras de amor, que fossem 

apenas banais como todas as palavras de amor podem ser.

Escolhi cuidadosamente o papel, aquele de que tanto 

gostas, ligeiramente texturado e de aspecto envelhecido.

Procurei a caneta, a roxa, gosto de escrever a 

roxo,dramático e sentimental, dizes.

Imagino que sorris, sorris sempre da importância que dou 

aos pormenores.

Sentei-me junto à janela,  o jardim tão verde e húmido, o 

ar tão lavado e fresco, que as palavras haveriam de brotar, 

banais, como uma flor na brisa da manhã.

Acendi um cigarro, sim, sei que detestas, abri a caneta,

 pousei a cabeça na mão e escrevi o teu nome.

Olhei demoradamente o papel , como um ramo de lavanda 

sobre um lençol de linho, tão banal e belo e fresco como as

 palavras de amor que quis escrever-te, hoje.

Um pássaro assobiou lá fora, o cigarro consumia-se entre os 

dedos, fechei a caneta e abri a janela.

Precisava respirar.

Uma única frase queria seguir o teu nome:

" O gesto largo e obsceno com que abres a minha vida à tua, 

sufoca-me"

Sabes, hoje quis escrever-te uma carta de amor e descobri 

que já não sei palavras de amor, banais.


06/03/2011



terça-feira, 25 de setembro de 2012






Só há um tempo em que é fundamental despertar. Esse tempo é agora.


Siddharta Gautama


segunda-feira, 24 de setembro de 2012





Primavera


"...No teu jardim
Serei o chão e a água que da chuva cai
Para te fazer crescer em flor,..."


The Gift


sábado, 22 de setembro de 2012







Solta-me os cabelos, potros indomáveis
sem nenhuma melancolia,
sem encontros marcados,

sem cartas a responder.

Deixa-me o braço direito,
o mais ardente dos meus braços,
o mais azul,
o mais feito para voar.
Devolve-me o rosto de um verão
Sem a febre de tantos lábios,
Sem nenhum rumor de lágrimas
Nas pálpebras acesas.

Deixa-me só, vegetal e só,
correndo como rio de folhas
para a noite onde a mais bela aventura
se escreve exactamente sem nenhuma letra.

(Eugénio de Andrade)





Foto Net

sexta-feira, 21 de setembro de 2012





Não és tu a minha casa
nem o teu verbo derramado até às mãos
carentes de tecto

nem os teus olhos na anuência deleitosa
de seres outro eu
no quente papel do leito
no vago lençol de tinta
em que escreves uma história que não é tua.
A minha casa
são estas paredes vestidas de insónia
alinhavada a rufos de tambor e solos de violoncelo
que abrem na madrugada do meu silêncio
o medo da loucura atrás da porta.












quarta-feira, 19 de setembro de 2012







Esta noite
os cães que não sabem uivar
rosnam baixinho a tua ausência

Foto Julie Lansom


domingo, 16 de setembro de 2012












Recomponho a melodia das roupas que despi

ensaio em breves e semi-breves

o ritmo que o chão ecoa sob as sedas

as cambraias o algodão doce

suave e triste do abandono

a nudez é uma sede de esperança

que se perdeu

e no regresso ao futuro

o rendilhado que o passado amassa

mói-me o presente como o trigo

que há-de ser pão ázimo

da fome que não escondo

.

a musica dos sentidos

é um céu turvo de pássaros que chegam


a anunciar uma primavera que não verei.



Foto Net

sábado, 15 de setembro de 2012








Sossegadamente segura e neutra 

cinza de penumbra a lembrar a luz

assim os dias em que a alma se quer nua

e o coração já não aspira nem demite

nenhum sonho ou desejo

em livro de horas desusado

é a memória que se segue linha a linha

na ponta do dedo que a cegueira ordena

e a vontade sem vontade aceita

clara e lúcida assunção da vida

a olhar a cor por fora do vazio

na mão que cerrada a cortina

repousa ainda tensa e pronta

sobre as páginas em branco do resgate.


Foto de Vernon Trent

sexta-feira, 14 de setembro de 2012










Deixa que te diga

não estás só


todas as manhãs

acordas e sentes

o calor do lado vazio

o aroma nos lençóis lavados

da sombra  dos cheiros

que te acendem a pele

o orvalho dos olhos

a molhar as horas

que não queres esquecer

o jardim de delicias

onde cantava o pássaro

no arder das madrugadas


digo-te

não estás só


enquanto saboreares

o ácido suor do corpo nu

nos lábios ressequidos

e gritares à noite

a inominável vontade

de te perderes outra vez


não estás só


na memória dos sentidos

és ainda e sempre

noiva de um sonho

 que ficou.




Foto Net

quinta-feira, 13 de setembro de 2012







''É só com total humildade e em absoluta quietude da mente

 que podemos saber o que realmente somos.'




Wei Wu Wei


terça-feira, 11 de setembro de 2012






ESTAR SÓ É ESTAR NO ÍNTIMO DO MUNDO

Por vezes cada objecto se ilumina 
do que no passar é pausa íntima 

entre sons minuciosos que inclinam
a atenção para uma cavidade mínima
E estar assim tão breve e tão profundo
como no silêncio de uma planta
é estar no fundo do tempo ou no seu ápice
ou na alvura de um sono que nos dá
a cintilante substância do sítio
O mundo inteiro assim cabe num limbo
e é como um eco límpido e uma folha de sombra
que no vagar ondeia entre minúsculas luzes
E é astro imediato de um lúcido sono
fluvial e um núbil eclipse
em que estar só é estar no íntimo do mundo 





António Ramos Rosa in Poemas Inéditos