terça-feira, 8 de março de 2011










Vejo a luz como não a via e não sei como
presença pura em actualidade viva
e tão pousadamente lenta e lisa
na sua duração tranquila e repousada
que nada mais requer que ser contemplada
como derramada fonte suave e sumptuosa
E por isso a palavra lateja no silêncio da pupila
para que  a sua leitura consagre a nascente viva
em seu divino repouso de matéria transparente
que transcende todo o tumulto e todo o caos
e em harmonia e limpidez lava a agonia
de não sermos senão a deslumbrada sombra que a contempla




António Ramos Rosa in "O Alvor do Mundo"


Foto Ana Oliveira

3 comentários:

Mar Arável disse...

Ramos Rosa

sempre

Bjs

pin gente disse...

gosto muito!
a foto... muito atraente!
beijos

Anónimo disse...

belíssimo poema! sendo a que a imagem escolhida é a luz e nunca a sombra! o meu beijo mais amigo*